domingo, 14 de junho de 2009

Iluminismo

Por volta do final do século XVII, nascia na Inglaterra um movimento intelectual que passou para a História como Iluminismo ou Ilustração. Esse movimento atingiu seu maior esplendor na França do século XVIII. As idéias propostas pelos pensadores iluministas influenciaram a burguesia em ascensão, pois criticavam as instituições do Antigo Regime e estimulavam as mudanças, preparando o caminho para o movimento revolucionário burguês.
Nas suas origens, o movimento iluminista teve forte inspiração na chamada “revolução científica” do século XVII. Nesse período, ocorreu um grande desenvolvimento na Ciência e na Filosofia, com um interesse cada vez maior pelo método experimental (Empirismo). Nesse contexto, observamos o progresso do pensamento racional e de ciências como a Matemática, a Química, a Física...
O Matemático René Descartes (1596-1650) é considerado o iniciador da doutrina racionalista moderna e do método racional. Vários filósofos aplicaram o seu método á reflexão político-religiosa, priorizando a valorização da razão e do progresso humano.
Os filósofos iluministas buscavam, por meio de suas idéias, transformar a ordem social vigente no antigo Regime. Para isso, defendiam: o fim do intervencionismo estatal na economia, propondo a liberdade comercial e o fim dos monopólios; a adoção de um sistema constitucional, criticando o Estado absolutista, o princípio do Direito Divino dos Monarcas e propondo a limitação do poder real; o fim dos privilégios de classe (nobreza e alto clero), base de sustentação do Antigo Regime.

Os principais Filósofos do Iluminismo são:

John Locke (1632-1704):
Acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do empirismo;

Voltaire (1694-1778):
Defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica à intolerância religiosa;

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778):
Defendia a idéia de um estado democrático que garanta igualdade para todos;

Montesquieu (1689-1755)
Defendia a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário;

Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond D´Alembert (1717-1783):
Juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos da época.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

No site abaixo vocês podem conhecer alguns instrumentos de tortura utilizados pelo "Santo Ofício" durante os interrogatórios e julgamentos inquisitoriais. É só copiar e colar o link na barra de links.

Observem e deixem seus comentários!


http://www.spectrumgothic.com.br/ocultismo/inquisicao/torturas.htm

terça-feira, 2 de junho de 2009

A multiplicidade da organização familiar no período surpreende os que associam o patriarcalismo a uma estrutura monolítica.


Todo mundo tem família e ela é a mais velha instituição da sociedade. Mas, se formos examinar nossa história, veremos que, diferentemente de uma família ideal, congelada em padrões, tivemos, em nosso passado, famílias, no plural. E que diferentes tipos se constituíram, ao sabor de conjunturas econômicas ou culturais.
A soma da tradição patriarcal portuguesa com a colonização agrária e escravista resultou no chamado patriarcalismo brasileiro. Tanto no interior quanto no litoral, ele garantia a união entre parentes, a obediência dos escravos e a influência política de um grupo familiar sobre os demais. Uma grande família impunha sua lei e ordem nos domínios que lhe pertenciam. O chefe cuidava dos negócios e tinha absoluta autoridade sobre a mulher, filhos, escravos, empregados e agregados. Essa autoridade se estendia também a parentes, filhos ilegítimos ou os de criação, afilhados. Sua influência era enorme e se estendia, muitas vezes, aos vizinhos. Havia uma relação de dependência e solidariedade entre seus membros.
Embora se reconheça a importância desse modelo, outros tipos de família vicejavam na mesma época: famílias pequenas de solteiros e viúvos, de mães e filhos vivendo sem pais. Entre as camadas mais pobres, eram comuns as ligações consensuais, sobretudo nas áreas de passagem, urbanização acelerada ou mineração.
Quando teve início a colonização, não havia mulheres européias por aqui. Uma das soluções foi a de juntar-se às índias. Muitas delas se entregavam aos brancos, pois os índios consideravam normal a poligamia. Os tupis, por exemplo, tinham o hábito de oferecer uma mulher a todo o estranho que fosse viver entre eles. Aprenderam a plantar milho, a fazer uso do tabaco de fumo e a dormir em redes fiadas pelas companheiras. As crianças nascidas desses amancebamentos eram chamadas curibocas, na língua tupi. Para os brancos, eram mamelucos.
As africanas, por sua vez, vieram engrossar as "uniões à moda da terra". Os portugueses já estavam familiarizados com elas, pois, desde o século XV, eram enviadas para Portugal. Trabalhando como escravas, em serviços domésticos e artesanais, acabavam se amancebando ou casando com eles. No Brasil, as coisas não foram diferentes. Daí as famílias de mestiços e mulatos. Da mesma maneira que as uniões de brancos com índias, ou de brancos pobres, as de brancos, mulatos e negros também não pressupunham o casamento oficial. As pessoas se escolhiam por que se gostavam, passando a morar juntas e a ter filhos.
E os escravos? A Igreja Católica não só permitia que se casassem como defendia esse direito, inclusive com pessoas livres. Os senhores mais ricos costumavam casar seus escravos no mesmo dia em que batizavam as crianças nascidas no engenho. Assim, chamava-se um padre que realizava as duas cerimônias e depois havia uma "função": festa ao som de batuques, violas e atabaques. A escolha da companheira muitas vezes causava disputas violentas, ameaças e até mortes. Os escravos preferiam unir-se com companheiras da mesma origem étnica. Chama-se a esse fenômeno endogamia. Escravos de origem nagô se casavam com nagô; os de origem hauçá, com hauçá, e assim por diante. Essa escolha, ditada por afinidades culturais e religiosas, permitia ao casal organizar seu mundo com os mesmos hábitos e tradições da sua região de origem na África.
A família senhorial apresentava algumas características também encontradas no restante da sociedade. Elas podiam ser extensas - englobando familiares e agregados, parentes, filhos bastardos e concubinas. Ou podiam ser monoparentais. Essas eram em geral lideradas por viúvas que viviam com seus filhos e irmãos ou irmãs solteiras. Em ambos os casos, eram comuns as núpcias entre parentes próximos, primos e até meio-irmãos. Graças aos casamentos endogâmicos, as famílias senhoriais ampliavam sua área de influência, aumentando também as terras, escravos e bens. O casamento com "gente igual" era altamente recomendável e poucos eram os jovens que rompiam com essa tradição. O dia-a-dia desses grupos transcorria em meio a grande número de pessoas.
Concluindo, não se pode falar em "família" no Brasil colonial, e sim em "famílias", no plural. Famílias que se metamorfosearam de acordo com as conjunturas múltiplas de seu tempo. Famílias que, hoje, ainda despertam grande interesse de pesquisadores e estudiosos.

Texto adaptado do artigo
de Mary del Priory publicado na Revista História Viva, edição 35, setembro de 2006.